domingo, 28 de fevereiro de 2010

Quero saber mais...


Que é que desperta num sujeito compulsão irresistível de exprimir sua opinião sobre um assunto que nem sequer lhe interessou o bastante para que se desse o trabalho de estudá-lo? De onde vem esse impulso demencial de ensinar sem saber?
Uma vez, numa aula, como eu contestasse a noção vulgar de “história dos vencedores”, alegando que justamente os perdedores do presente vão buscar refúgio na investigação do passado, um ouvinte, indignado, protestou que “a maioria esmagadora” das obras célebres de historiografia exemplificava aquela noção. Para não perder tempo com a demonstração do óbvio, solicitei apenas que o cidadão citasse cinco títulos dessas obras célebres. Se ele pudesse apontar cinco títulos, prometi, eu admitiria que eram a maioria esmagadora. Evidentemente, ele não citou nenhum.
Mais tarde reclamaram que eu humilhei a criatura. Mas não tinham idéia de quanto pode ser humilhante, para o homem que estudou um assunto décadas, ser confrontado em pé de igualdade com o opinador ignaro, diante de uma platéia que vai nos julgar antes pelas simpatias pessoais e ideológicas do que pelo conhecimento da matéria. Nunca me saí mal dessas situações, mas a simples anuência de entrar nelas, em nome do dever de ensinar, requer da gente uma dose de humildade que as pessoas em geral estão longe de imaginar.
O que entendem por humildade é outra coisa. Humildade, neste país, consiste em arrotar opiniões sobre o que se desconhece e exigir que o sujeito que conhece as aceite como se valessem tanto quanto as dele. Humildade é complacência deleitosa com a própria ignorância, acompanhada de desprezo pelo saber. Exigir respeito pelo conhecimento, querer que o sujeito aprenda antes de opinar. Ah!, Isto é orgulho, é soberba, é pecado mortal.
Quanto mais observo os hábitos das classes falantes, mais me parece estranho e doentio. Pois eu, quando algum problema me chama a atenção, sinto o impulso exatamente oposto: quero saber mais. Faço perguntas, investigo, leio livros, obtenho o máximo de dados sobre a evolução das discussões e, uma vez de posse de uma visão suficientemente abrangente do status quaestionis, deixo que toda a complexidade e todas as contradições do assunto fiquem cozinhando dentro de mim, se preciso por anos a fio, até obter alguma intuição que me permita reordenar os dados na forma de uma solução.
Durante toda essa incubação, não sinto nenhum, nenhum impulso de falar a respeito, ao menos para um público maior, precisamente porque tenho a consciência de que qualquer coisa que eu dissesse aí não será mais que uma ejaculação precoce, expressão da minha confusão interior, que na melhor das hipóteses arriscaria persuadir o ouvinte sem ter-me persuadido a mim mesmo.
O desejo de falar só nasce depois que alcancei o insight. Mesmo um insight, no entanto, não é prova de nada e a mera posse dele não me autoriza nem me impele de maneira alguma a assumir minha opinião polemicamente, a defendê-la com brio contra as hipóteses correntes. Isto só acontece muito tempo depois, quando uma sucessão de insights convergentes me deu um sentimento de certeza razoável, sobrevivente ao teste das contradições.
E mesmo assim, porca miséria, pode dar tudo errado

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Receita para arrancar poemas presos:



você pode arrancar poemas com pinças
buchas vegetais, óleos medicinais
com as pontas dos dedos, com as unhas
com banhos de imersão
com o pente, com uma agulha
com pomada basilicão
alicate de cutículas
massagens e hidratação
mas não use bisturi nunca


em caso de poemas difíceis use a dança.
a dança é uma forma de amolecer os poemas
endurecidos do corpo.
uma forma de soltá-los
das dobras dos dedos dos pés, das vértebras
dos punhos, das axila,do quadril
são os poema cóccix. os poema virilha
os poema olho, os poema peito
os poema sexo, os poema cílios


ultimamente ando gostando de pensamento chão
pensamento chão é poema que nasce do pé
é poema de pé no chão
poema de pé no chão é poema de gente normal
gente simples
gente de espírito santo
eu venho do espírito santo
eu sou do espírito santo
traga a vitória do espírito santo
santo é um espírito capaz de operar milagres
sobre si mesmo

Viviane Mosé- Psicóloga e psicanalista- Mestra e doutora em filosofia.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

"Licença de brincar"

Imagem- presente da Danapaulinelli

Eu quero uma licença de brincar.

Bordar caminhos e subir ao céu.

Mastigar a lua,

Beijar estrelas,

Pular nas nuvens,

Sorrir lá do alto. 

E,até gargalhar.

Ver teus olhos brilharem. 

Espantando de enxergar no céu uma

mulher, menina, que ama

Imaginar.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Como tornar-se um poeta! – Primeira lição

Como tornar-se um poeta? Você, um aspirante a poeta, deve, agora, estar se perguntando o seguinte: Por onde devo começar? Você, na verdade, já começou, pois está, neste exato momento, lendo este fantástico artigo. Vou ser famoso? Não, não será. Infelizmente todos os poetas que um dia poderiam alcançar o estrelato morreram no século XX. Os melhores morreram no século XIX. Que merda! Então para que serei poeta? Quiçá, para de quando em vez, poder falar assim: eu sou poeta. Publicarei meu livro um dia? Claro que sim! Se você puder pagar todo custo de produção dum livro, você será publicado! Não desanime, até mesmo os melhores já fizeram isso. O Manuel Bandeira, por exemplo, pagou do próprio bolso para lançar um livro.Que bom, então serei tipo o Manuel Bandeira, um poeta foda! Não, não será. Lembre-se que todos os poetas fodas morreram no século XX. Eu quero ser poeta assim mesmo, foda-se! Certo! Então comecemos agora!
1. O nome Para tornar-se um poeta, você precisa dum bom nome. Recorrer a pseudônimos é uma boa alternativa principalmente quando você não tem um sobrenome, cuja primeira letra seja igual à dum poeta famoso. Vamos a exemplos: João Carlos Zurel: Péssimo nome, não há poetas tão famosos com sobrenomes que começam com a letra Z. Marcelo Nunes Gonzaga: Bem melhor, não? Seu livro ficará ao lado dum poeta árcade, Tomás Antônio Gonzaga. Bom, acho que você entendeu o espírito da coisa.
2. Escolha uma escola Todo poeta deve se filiar a uma escola. Não tente bancar o fodão, o moderninho, o alternativo, querendo criar algo diferente. Simplesmente isso é impossível, não dá. Os movimentos poéticos, na verdade, deveriam ser divididos apenas em somente três: Clássico, Romântico e Moderno. Veja o por quê. Clássicos: Homero, Camões, Gregório de Matos, Cláudio Manoel da Costa, Olavo Bilac etc. Interessante, não? Há uma explicação. Levando em consideração que Homero foi um dos grandes poetas clássicos, os outros citados, apesar de terem participado de escolas diferentes, apenas imitavam os clássicos. Camões: Classicismo - cópia dos clássicos em pleno século XVI; Gregório de Matos: Barroco-cópia dos clássicos em pleno século XVII; Claudio Manoel da Costa: Arcadismo – cópia dos clássicos em pleno século XVIII Olavo Bilac: Parnasianismo – cópia dos clássicos em pleno século XIX. Românticos: Byron, Alexandre Herculano, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Castro Alves, Alphonsus de Guimaraens, Florbela Espanca etc. O que o Alphonsus está fazendo aí, o que a Florbela está fazendo aí? Bom, eles são considerados Simbolistas. Esses podem ser chamados de românticos amadurecidos. É isso! Modernos: Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, Carlos Drummond, Haroldo de Campos e todos os outros que vieram depois. Concretismo e demais movimentos faziam o mais do mesmo, são modernos e mais nada. Qual devo escolher? Indicamos para você, um jovem juvenil garoto iniciante no Parnaso, a escola Modernista, ela é a melhor para leigos, visto que: - Você pode usar versos livres, isto é, não precisa saber as regras de métrica. - Você pode escrever prosa e falar que ela é um poema. Veja um exemplo: Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte? — O que eu vejo é o beco. Porra! Acho que isso não é um poema! Errado! Na visão dos modernistas, o que está escrito em itálico é um poema. - Você pode usar e abusar dos versos brancos (esse recurso pode ser utilizado nas escolas clássicas e românticas).
- Você pode fazer poema com objetos idiotas. Por exemplo: escrever um monte de palavras e pregar num guarda-chuva! Belo, não? Você ainda será considerado um poeta de Vanguarda. Porém, lembre-se, você não está criando nada inédito. - E, inclusive, pode não saber escrever poemas. Boa parte dos modernos faziam justamente isso! Ok escolhi minha escola! Parabéns, agora escolham uma doença uma mutilação! 3. Doenças Todo poeta que se preze deve, até mesmo você, meu caro jovem juvenil aspirante a poeta, deve escolher uma doença. Indicamos para os iniciantes a Tuberculose. Essa enfermidade foi sucesso no século XIX e fez vítimas também durante o século XX. É algo retrô! Algo que nunca sai de moda. Tuberculose é uma boa pedida para os jovens poetas. Não gostou da Tuberculose? Ok, sem problemas! Seja um devasso! Escolha Sífilis, Gonorreia e demais DSTs. Quer algo mais hardcore? Ok vamos lá! Que tal seguir a onda do poeta luso Camões? Fure um de seus olhos! Não gostou? Ok sem problemas! Então, faça como Castro Alves, dê um tiro no próprio pé! Não gostou? Quebre um de seus pés, seja coxo, tal como Byron (recomendado àqueles que escolheram a escola Romântica).

Por Lauro Drummond
Literatura em foco

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A partida


Ordenei que tirassem meu cavalo da estrebaria. O criado não me entendeu.
Fui pessoalmente à estrebaria, selei o cavalo e montei-o. Ouvi soar à distância uma trompa, perguntei-lhe o que aquilo significava. Ele não sabia de nada e não havia escutado nada. Perto do portão ele me deteve e perguntou: – Para onde cavalga senhor? – Não sei direito – eu disse –, só sei que é para fora daqui, fora daqui. Fora daqui sem parar; só assim posso alcançar meu objetivo. – Conhece então o seu objetivo? – perguntou ele. – Sim – respondi – Eu já disse: “fora - daqui”, é esse o meu objetivo. – O senhor não leva provisões – disse ele. – Não preciso de nenhuma – disse eu. – A viagem é tão longa que tenho de morrer de fome se não receber nada no caminho. Nenhuma provisão pode me salvar. Por sorte esta viagem é realmente imensa.

Tradução de Modesto Carone

    Miniconto de Kafka  -
CARVALHO, Olavo. O antileviatã - O náufrago e a bóia. In Revista Bravo, 2001.
Título: Quero saber mais...-Sueli Aduan

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O CORPO NOUTRO CORPO


Simplesmente sinto.
Na retina dos meus olhos,
a imagens de um homem:
terno, amante, amigo.

Era quase silêncio.
Alucinados os gestos,
dos nossos corpos,
entre lençóis e cortinas.

Segredos de cama, lentamente, descobertos
O corpo noutro corpo.
Instante de infinito.
Além de nós e da vida.

O fogo, o mel, o orgasmo.
Morremos um no outro
paz dos deuses.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

"Há o que se diz e o que se quer dizer"

Guimarães Rosa lembra que "o livro pode valer pelo muito que nele não deveu caber",ou seja, a leitura nos faz depararmo-nos com o que está para além do escrito/dito pelo sujeito. Há algo veiculado na palavra que não se reduz a ela, ou que, ainda mais, não se encontra nela e será retomado pelo leitor, o qual, a partir de sua posição subjetiva, fará dela uma sua palavra. Um provérbio francês testemunha que "a palavra pertence metade a quem fala e metade a quem ouve".
Clarice Lispector, sobre sua experiência ao escrever, diz que se trata de traduzir o desconhecido para uma língua que desconhece. A idéia de metade leva a valorizarmos o que Lispector introduz de incompletude no texto, remetendo ao desconhecido, que ainda assim é o móvel do trabalho com o texto.
Um trabalho que implica algo para além do que a palavra traz de informação se lançando além do que diz literalmente. É o ponto em que surpreendemos a oralidade permeando e, ainda mais, fazendo das palavras texto.
Fernando Pessoa fala dos contos herdados, prazeres que são nada, mas não queremos querer outros. Veiculando esse nada que são prazeres, Pessoa fala da metade desconhecida e inacessível que ainda assim persiste no poema, fazendo-se a voz do texto.
Lacan atesta que as pessoas têm necessidade de ler escritos que não compreendem e de ir onde se fala do que não se entende.
Para Manoel de Barros, é preciso não saber nada, é preciso entrar no estado de palavra para enxergar as coisas sem feitio que não foram recortadas, portanto, não existem - a sabedoria se tira das coisas que não existem, pois o que resta de grandeza são os desconheceres”.
É o poeta encontrando-se com a palavra sem feitio, que justamente por sua face de desconhecimento, só vem a ser texto através da articulação operada pela dimensão da oralidade.
Lacan afirma que há dois planos em toda produção em palavras.
Há o que se diz e o que se quer dizer, pois, separando o querer e o dizer, há a intenção.

recortes/pesquisa-sueliaduan
A disciplina de leitura: ritmo e oralidade na voz do texto.
Juliana de Miranda e Castro; Anna Carolina Lo Bianco.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

da série: Tenho um amigo que disse que eu:

Acredito é por demais na vida, nas mudanças, nas pessoas, e que ele não consegue compreender. Com um sorriso maroto nos lábios me diz: - Se ainda fosse naqueles velhos tempos das discussões, dos sonhos, das lutas. Em que nós, ingenuamente, nos envolvíamos, ainda vá.
Ah! Esse meu amigo é danado. Vive quieto no seu canto, amante da solidão e da boa música. Às vezes aparece com essa de querer compreender. Não só a mim, claro, mas aquela época em que vivemos e do pouco que restou. Fico brava e ele acaba indo embora antes mesmo do delicioso cafezinho da Ciça.
É que não gosto de nostalgia, não. Recordar sim, mas ficar achando que aquele era o nosso tempo, o bom tempo. Aí também não.
E como diz o poeta: o tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.
Já um outro amigo, também quieto, mas com a mente centrada no aqui e agora, esse diz que estou certíssima, que devemos sim acreditar na vida, nas mudanças, nas pessoas e que tudo vale a pena.
Ri, um sorriso desses em que os lábios vão devagarzinho se abrindo para derrepente tomar conta do nosso rosto todo. Isso não passou em branco para o meu amigo, um observador nato. E fui logo me explicando, antes que fosse embora também, não precisa arregalar esses belos olhos, não. É que me lembrei de um verso do Pessoa: “Tudo vale a pena. Se a alma não é pequena.”
E conclui: o poeta tem sempre razão. É que em seu olhar mora um mundo.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

"Afinal, a realidade...."


Porque o fundamental é saber "o que é a poesia". Você nunca chegará a Teresina se não souber pra que lado fica Teresina. Eu não digo que a poesia seja uma coisa definível, mas você tem de saber o que é isto: "aonde eu quero chegar"; ou seja, esse "aonde eu quero chegar" tem de existir. Eu me lembro quando li Fernando Pessoa, Drummond, Valéry, e alguns versos me marcaram ao me mostrar o que era a poesia, como quando Valéry dizia: "Beau Ciel, vrai ciel, regardez-moi, qui change". Isso não é apenas uma idéia, mas a sua colocação diante da realidade...
Este é um poeta que me interessa, nesse momento, por me parecer extremamente cerebral, de uma poesia muito elaborada, Ele é cerebral, mas também existe uma lenda em tomo de Valéry. O poema "Le Cimetíère Marin" (0 Cemitério Marinho), por exemplo é um poema altamente comovido. Veja bem, uma coisa é a elaboração, é a atitude do poeta em relação à poesia e aos seus meios de expressão, que em alguns é mais cerebral, mais racionalizado, mas, seja de quem for, se ele não se comove não existe poesia. Porque a única coisa que a poesia faz é comover. A poesia não cura dor de dente, não resolve problema econômico, não desintegra o átomo, não serve para nada. A única coisa que ela faz é comover. Porque não há um conhecimento, algo que se ganhe através da poesia, o que ela faz é nos comover. É uma mentira que nos comove. Afinal, a realidade do mundo é insuportável. Por isso se faz poesia, se faz arte, se faz música, etc.
— Eu não diria que é uma forma de fuga, porque ao mesmo tempo ela procura tomar a vida possível. Ela não quer sair da vida. O homem não faz poesia para sair da vida, ele faz poesia para ter coragem de viver.
Este é o mundo em que vivemos banal e delirante, mas onde se torna cada dia mais clara a necessidade de despertar e cultivar o que há de humano no homem. Os poetas podem ajudar nisso. E não por mistificar a realidade, mas, pelo contrário, por revelá-la na sua verdade, que é prosaica e, ao mesmo tempo, fascinante. O poeta sonha no concreto o sonho de todos. Ele sabe que a poesia brota da banalidade do mesmo modo que o poema nasce da linguagem comum. Está na tua boca, na minha boca, a palavra que eventualmente se converterá em beleza. Ou não.

recortes /sueliaduan - Ferreira Gullar - Conta Tudo/ 2005

sábado, 6 de fevereiro de 2010

"Da liberdade de amar"

....“Eras para mim a mais maternal das mulheres,
eras um amigo como são os homens,
eras, a te olhar, mulher realmente,
mas também, muitas vezes, criança.
Eras o que conheci de mais terno
e mais duro com que tenho lutado.
Eras a altura que me abençoou –
te fizeste abismo e naufraguei.”
Trecho do Poema de Rilke para Lou Andréas Salomé

Rubem Alves responde sobre o amor

L:Aprender a viver junto é aprender, primeiro, a viver só?
  Rubem Alves – As pessoas que não sabem viver sozinhas estão o tempo todo mendigando aprovação das outras. É preciso aprender a viver só, aprender a fazer silêncio, para poder conviver com o outro, porque dentro de cada um mora uma grande solidão. Há um lugar dentro da gente que ninguém vai, somente nós.

L:O poeta Drummond diz que “amor com amor não se paga”, o que pode ser traduzido também pelo verso da música “Amor e Sexo” da Rita Lee: “Amor é um, sexo é dois.” Amar é solitário?
  Rubem Alves – O poema do Drummond diz que todas as coisas do amor são gratuitas, você não paga nada. O caso é o seguinte: quando estou amando, posso amar sem ser amado. O amor pode ser solitário. O amor pode ser um ou pode ser dois. O amor que é apenas um é triste, pois não tem correspondência. A felicidade vem exatamente quando você tem os dois. Aí sexo fica sendo coisa de dois, porque é coisa do amor.

"Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?.."
Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Arquivo Poesia Experimental

Luisella Carreta
Itália
"Paravolo"

postado no twitter -danapaulinelli
"Essa  pessoa, DANA, inteligênica e sensibilidade"

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Corpo lugar da alegria

Houve um tempo em que a alegria era pura mania. As palavras usadas eram efetivamente vividas na loucura do dia-a dia, e do encontro como parte da vida.


Essa mania. Um Bom delírio.
Delírio do poeta,
Delírio do contemplador,
Delírio do pintor que descobre a cor.
Era só o que existia
Alegria,
Cor
Magia

Como uma bailarina que gira, gira, gira.
E dança na ausência do pensar.
 Ausência do saber-se finita.
Medo da morte.
Perde-se no movimento corpo,
Corpo lugar da alegria.


..."É melhor ser alegre que ser triste
A alegria e a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração..." V.M.


Recortes/ sueliaduan "Um pensar em: Deleuze e Vinícius"