Quero,
antes de tudo, o espaço externo. Produto das minhas idas e vindas, do meu muito
caminhar, das minhas fugidias paragens junto ao bosque, entre campânulas,
avencas, samambaias, onde meu corpo deitado mistura-se a relva úmida e, por uns
instantes, tudo é pleno. Dos meus finais de tarde em meio ao movimento caótico
do trânsito e do frenesi que isso provoca; da rapidez com que os dias terminam
e a pendência dos compromissos são arrastados noite adentro. Infinito renovar-se. Eterno retorno.
Da
emoção dos encontros e dos desencontros; do não e do sim dito à queima roupa.
Do olhar malicioso, do corpo tocado nas tardes de puro ócio e do riso maroto
dessa ousadia. Um viver e deixar-se viver, e tantos outros pequenos detalhes do
dia a dia, sabedora que é preciso coragem para viver como se quer.