domingo, 12 de maio de 2013

da série: Tenho um amigo que disse que eu:





Deveria pensar mais a respeito do assunto já que eu também sou mãe. E que é no parque de diversões que podemos saber quem realmente tem esse dom. O dom de ser mãe. Na hora não quis contrariá-lo, ele estava tão empolgado em sua fala que deixei passar. Não deveria. Acabou indo embora todo sorridente. Com aquele sorriso fruto de quem pensa que sabe e não sabe. Não que eu saiba tudo,ao contrário, mas, pelo menos não fico rindo à toa.

Já outro amigo falou que não é nada disso. E que para nos conhecermos ou conhecermos o outro é preciso silêncio e observação. Coisas impossíveis nos parques de hoje com esses brinquedos velozes e barulhentos. Concordei, em parte, mesmo porque, acho tão pouco só silêncio e observação em se tratando de nos conhecermos. Imagine, então, conhecer o outro.

É preciso mais, muito, muito mais disse outro amigo. E nesse momento fechei meus olhos. Voltei à minha infância ao lado de minha mãe no parque de diversão. Senti o perfume que exalava de seus belos cabelos negros e a força do olhar que sempre teve sobre mim. Naquela época era sim possível saber quem e como eram as mães só pelo jeito como brincavam no silêncio reinante da balança, com seus movimentos de ir e vir, da barca puxada por cordas, do chapéu mexicano com suas voltas vertiginosas. Algumas empurram os filhos como que se através da balança eles realmente pudessem ir embora pra sempre ou a barca afundasse imaginariamente num mar de águas profundas.

Eu felizmente sorria ao ver a alegria de minha mãe correndo comigo para aproveitarmos todos os brinquedos. Mesmo sem saber o que era dom, aquela mulher vivia sua maternidade com todas as forças, talvez porque vivesse todas as outras coisas da vida com a mesma intensidade. Não era só a minha mãe no parque. Ali estava uma pessoa inteira. Uma mulher com vida própria, sabedora de seus desejos mais simples, consciente de que na vida é preciso escolher.

Já outro amigo, amigo de cabeceira, conhecedor dos mistérios que nos envolve, diz:─  “Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes”. 

Mãe, pai, filho, avô, tio... O que importa? Só precisamos mesmo, como canta o poeta, sermos inteiros.


sábado, 11 de maio de 2013

"O ato de parir"



O ato de parir me fez mãe. Entre erros e acertos; mamadeiras e papinhas, segui confiante. E com uma única certeza: a de que ser mãe era não me afastar, em demasia, de mim. Entre amigos, bares, palco, prosa, poesia, trabalhos, eu, com uma energia vinda de não sei onde. Dos deuses, da palavra, da poesia? Provavelmente. Ajudava meus filhos em suas tarefas escolares, contava-lhes estórias, declamava poesias, improvisava cenas teatrais, só para ver o brilho de seus olhos e um sorriso se abrindo lentamente, e, em muitos fins de tarde, também brincávamos de roda, esconde-esconde e tantas outras brincadeiras deliciosas daquela época.  Muito passou. Muito se passou. Novos amigos, novos amores. Segui. E, em todos os momentos, a preciosa presença deles: meus filhos. Mas, em momento algum dei exclusividade. Assim, maturaram. E hoje estão aí: criativos, críticos, decididos, alegres, escolhendo seus caminhos entre erros e acertos. Numa constante troca comigo. E eu só posso, neste dia das mães, como em todos os outros dias, agradecer-lhes por serem quem são e como são.