Tudo será duro:
Tudo será
Não há piedade nos signos
(Toda palavra é crueldade.)
De todas as coisas que eu tive as que mais me valeram,das que mais sinto falta, são as coisas que não se pode tocar.
São as coisas que não estão ao alcance de nossas mãos.
São as coisas que não fazem parte do mundo da matéria.
(O cheiro do Ralo-Lourenço Mutarelli)
Fui (sou) apaixonadíssima por suas músicas, os amigos dessa época, me criticavam, pessoal da Sociologia Política, éramos todos envolvidíssimos (hum!) (uma época e tanto), mas eu sempre me interessei por tudo, lia tudo que cai na mão, ouvia tudo também.
Lembro-me quando fomos ao apto de um amigo, o Renato, a idéia era morarmos todos juntos. E ali, no meio da sala, aquela figura incrível do Renato, tocando flauta "Mulheres de Atenas", a idéia vingou, um tempo bom, (nem tanto)....., ouvíamos Chico, Gil, Milton, Caetano... , mas só eu, Belchior.
Ficavam putos comigo, nunca liguei. Cantava junto, alto, desafinado e rindo.
E, só agora à noite ouvi, rapidamente, num jornal da TV sobre o desaparecimento. Chorei. Belchior desaparecido, triste... muito triste.
Desaparecimento era coisa daquela época
Muitas vezes ficamos perplexos diante do que nos acontece na vida. Estamos sempre à pro-cura disto e daquilo e até, essencialmente, de nós mesmos. O que nos move na pro-cura é a Cura. Cura, do latim, assinala o Cuidado.
A Cura impulsiona todo nosso agir. Agir se diz em grego poiein, de onde nos vem poiesis, a essência do agir, a poesia. Poesia só é linguagem quando se torna verbo-ação-poiesis. Toda poesia nos advém a partir de Cura. É essa a fala do mito “Cura”.
A fala do mito é a linguagem do sagrado, por isso nele agem e falam deuses. O ser-humano (Entre-ser / Da-sein), a poesia e a linguagem pro-vêm da Cura. É o que nos narra o mito Cura. Ele nos foi assinalado por Higino, escravo egípcio de César Augusto, que morreu no ano 10 da nossa era. Eis a sua saga:
C U R A
"Certa vez, atravessando um rio, Cuidado (Cura) viu um pedaço de terra argilosa: cogitando, tomou um pedaço e começou a fingir/ficcionar (fingere). Enquanto deliberava sobre o que criara, interveio Júpiter [Zeus]. Cuidado (Cura) pediu que lhe desse espírito, o que ele fez de bom grado. Quando, porém, Cuidado (Cura) quis dar-lhe nome a partir de si mesmo, Júpiter proibiu e dita que lhe deve ser dado o seu nome. Enquanto Cuidado (Cura) e Júpiter disputavam sobre o nome, surgiu também a Terra (Tellus), querendo dar o seu nome, uma vez que havia fornecido um pedaço de seu corpo. Os disputantes tomaram Saturno [Cronos/Tempo] como árbitro. Este tomou a seguinte decisão aparentemente eqüitativa:
"Tu, Júpiter, por teres dado o espírito, deves receber na morte o espírito, e tu, Terra, por teres dado o corpo, deves receber o corpo”. Como, porém, foi Cuidado (Cura) quem primeiro o fingiu/ficcionou (finxit), deverá pertencer-lhe enquanto ele viver. Como, no entanto, sobre o nome há controvérsia, chame-se Homem, pois foi feito de "humus" (Terra)".
Manuel Antônio de Castro Leciona nos Cursos de Pós-Graduação e orienta Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado no Programa de Ciência da Literatura, na Área de Poética, da Faculdade de Letras da UFRJ
Ouse... ouse tudo! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!
Lou Andreas-Salomé (1861-1937) foi uma bela mulher que escandalizou a sociedade e quebrou regras morais. Teve vários amantes. Conheceu Freud, Jung, Nietzsche, entre outros grandes homens.
Mulher engajada e sensível tinha mito de sedutora.