Imagem F.Pessoa
A poesia está nas ruas, assim como nas coisas. A poesia está em gestos involuntários. Entre frases obscuras. Na parede das cozinhas. Nos anéis da seiva, no tenteio dos filhotes, nas asas que latejam. Nos resíduos dos amantes, misturados com estrelas.
A poesia está nos restos dos dias. Nos silêncios. Pouco percebida, a poesia verte sua secreta alquimia:
transfigurar os sinais de menos, as marcas da miséria, o rumor do que poderia ter sido. Resgatar a dança de esperanças perdidas, o frescor das bocas, as mãos em luta amante com a matéria do mundo. Água vital das origens e das utopias, e sede infinita, a poesia está em tudo.
No entanto, em paradoxo: a poesia é raríssima. Dificílima. Poucas, raras vezes a poesia emerge da natureza das palavras e transforma-se em poemas. Poucas, raras vezes os verbos e os nomes se fazem a carne absoluta da poesia, som e sentido em unidade mágica que recria o real, inventando-o.
Milhares e milhares de versos, para algumas palavras de poesia.
Muitas toneladas de matéria-prima-para alguns gramas de poema (Maiakovski).
Necessidade vital: por que tão escassa?
Por um lado, o mistério da emergência do poema, seu nascimento não redutível à consciência lógica nem à intencionalidade do sujeito que poeta.
Por outro lado, há poucos instantes possíveis para o florescimento da poesia na história cotidiana.
A poesia está nos restos dos dias. Nos silêncios. Pouco percebida, a poesia verte sua secreta alquimia:
transfigurar os sinais de menos, as marcas da miséria, o rumor do que poderia ter sido. Resgatar a dança de esperanças perdidas, o frescor das bocas, as mãos em luta amante com a matéria do mundo. Água vital das origens e das utopias, e sede infinita, a poesia está em tudo.
No entanto, em paradoxo: a poesia é raríssima. Dificílima. Poucas, raras vezes a poesia emerge da natureza das palavras e transforma-se em poemas. Poucas, raras vezes os verbos e os nomes se fazem a carne absoluta da poesia, som e sentido em unidade mágica que recria o real, inventando-o.
Milhares e milhares de versos, para algumas palavras de poesia.
Muitas toneladas de matéria-prima-para alguns gramas de poema (Maiakovski).
Necessidade vital: por que tão escassa?
Por um lado, o mistério da emergência do poema, seu nascimento não redutível à consciência lógica nem à intencionalidade do sujeito que poeta.
Por outro lado, há poucos instantes possíveis para o florescimento da poesia na história cotidiana.
É preciso conviver com os poemas. Andar com eles. Sonhar com seus signos.
Ler, reler, não sei quantas vezes. Renascer com suas palavras vivas.
Expor-se à sua permanente revolução da linguagem.
Deixar-se seduzir por seus cantos.
Fazer travessias.
Ler, reler, não sei quantas vezes. Renascer com suas palavras vivas.
Expor-se à sua permanente revolução da linguagem.
Deixar-se seduzir por seus cantos.
Fazer travessias.
7 comentários:
Sueli, que linda tua descrição do que é o fazer da poesia,tão difícil a tarefa! O final expressa tudo-fazer travessias.belíssimo
..também gosto muito desse texto, é de uma clareza fantástica,mas não é meu não, quem me dera!!!! rs
só o finalzinho que andei brincando encima do já existente e, da travessia tão falada por G.Rosa.
Sueli,
Belíssimo texto...lírico e lúcido.
Tange ao quase impossível ,define o indefinível.Acompanho as histórias que você completa no Cajmatic e gosto muito.
Venha me visitar,ficarei feliz.
Com admiração,
Cris
www.cristinasiqueira.blogspot.com
oi Sueli,
Troquei os nomes leia: ad tempus fugit.
Até mais,
Cris
Oi Cris, vou visitar sim, com imenso prazer, partipa também lá no
ad tempus fugit,(brinca com a gente, vc é super bem vinda)
fico feliz por gostar do que escrevo, issó é muito bom, obrigada querida.
Belo escrito, parabénssssssssssssss.
É ótimo, Eduardo.
Mas é só o finalzinho que "andei brincando" encima do já existente e, da travessia tão falada por G.Rosa
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