Ressentir-se significa atribuir a um outro a responsabilidade pelo que nos faz sofrer. “Um outro a quem delegamos, em um momento anterior, o poder de decidir por nós, de modo a poder culpá-lo do que venha a fracassar”. Neste caso, o ressentido estabelece uma servidão inconsciente, se demite subjetivamente e não se implica como sujeito de desejo.
Maria Rita Kehl
A pessoa ressentida, ao se sentir ofendida, agredida, submetida ao outro, não se manifesta no ato, mas mantém a cena viva remoendo (ruminando) a ofensa repetitivamente. Maria Rita Kehl menciona que o “ressentido não é alguém incapaz de se esquecer ou de perdoar; é um que não quer se esquecer, ou que quer não se esquecer, não perdoar, não deixar barato o mal que o vitimou”.
É muito interessante o quanto a nossa psique nos rege e que não podemos garantir que uma criança se desenvolva subjetivamente de uma ou outra maneira mesmo que a mãe (pais) tome todas as medidas nos primeiros momentos da vida. O bebê, a criança e posteriormente o adulto podem ter vivido experiências subjetivas que o fizeram assimilar de maneira muito particular. Desta forma, muitas vezes quando fazemos o possível para proporcionar amor, apoio, ajudar psicológica, financeira e emocionalmente ou de qualquer outra natureza pensando estar fazendo o melhor ao outro, na experiência de quem recebe tudo isso pode ser assimilado não com gratidão, mas sim, como uma dívida que deve ser paga. Cada ajuda adicional no decorrer da vida o faz sentir pior e mais endividado (mais empobrecido). É como se cada ato de afeto e ajuda faça com que aquele que recebe fique mais pobre, desta forma ao invés de demonstrar espontaneamente a gratidão, este se volta contra aquele que oferece algo com muita violência.
É muito difícil lidar com o ressentimento do outro....
Todos nós ainda vamos nos sentir culpados diante do silêncio acusador dos ressentidos que nos rondam.
by Carlos Alberto Alves e Silvahttp://www.fashionbubbles.com/2009/vitimas-do-proprio-mal-ressentimento/
Título do texto: Sueli aduan
Maria Rita Kehl é doutora em psicanálise pelo departamento de Psicologia Clínica da PUC/SP e clinica, desde 1981, em consultório particular. É conferencista, ensaísta e poeta. Escreve artigos sobre cultura, comportamento, literatura, cinema, televisão e psicanálise para a imprensa. É autora de diversas obras, entre elas, Processos primários e Sobre ética e psicanálise.
2 comentários:
Gostei, Sueli.
O silêncio dos ressentidos, daria um conto, um filme, uma peça, não? :)
Abraço.
Opa! E o que está esperando? Lindo título! Agora é só escrever e não esqueçer de me enviar. rsrsrs.
forte abraço.
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