quarta-feira, 6 de julho de 2011

Nenhuma palavra

Paul klee

Eu não sei bem o que ele pensou, se é que pensou, mas uma atitude daquela por certo que não. Será que é possível alguém não pensar em nada? O não pensamento, o esvaziar a mente de que falam os iniciados. Em minhas andanças aprendi que é justamente o contrário, dizem os budistas que a mente deve estar sempre cheia de pensamentos, mas alertam : — bons pensamentos que tornam a mente vazia.

Observação e leveza, completam. Procuro colocar esses e alguns outros ensinamentos em prática e, às vezes, me pego no finalzinho da tarde a olhar pela janela e observar o vai e vem das pessoas apressadas em seu viver.

Quando chove, então, o corre-corre aumenta, a avenida fica uma balbúrdia, táxis que param em lugares inadequados, pessoas bravas com alguns motoristas de ônibus que não param nos pontos, buzinas... É a cidade. É o fim do dia. É também a hora da Ave-Maria. E no meio disso tudo escuto longe o sino da igreja chamando os fiéis.

E mais uma vez penso no não pensar, no desligar-se proposto por algumas seitas ou no religar atribuído ao significado da palavra religião. Eu não sei bem o que ele pensou, se é que pensou, mas uma atitude daquela por certo que não. Nenhuma palavra, nenhuma carta. Nada. Somente o vazio. Vazio da mente, do corpo. Transcendência, morte.

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