segunda-feira, 9 de março de 2009

A criança objeto (a) rever Lacan- os quatro discursos-

A psicanálise atualmente lida com situações muito diferentes das da época do mestre Freud. Que sujeitos do inconsciente se apresentam a nossa escuta nestes tempos? Qual o lugar de uma criança na família, na sociedade, na ciência de hoje?
O conceito criança sempre foi um enigma a ser decifrado.
Platão, por exemplo, supunha poder proteger as crianças da má influência dos pais, entregando ao Estado a tarefa de educá-las. Por outro lado, com o golpe desferido por Copérnico, Darwin e Freud nas ilusões humanas, a terra, o homem e o inconsciente passaram a ter novo estatuto. Com as mudanças no tecido social, o “eu passou a ser um outro”, como dizia o poeta Rimbaud.
Sujeito criança, objeto adulto, objeto criança, sujeito adulto. Recortemos o significante criança, já que o infantil não tem tamanho – (mesmo que o Código do Menor surgido nos anos vinte ou o Estatuto da Criança de 1927 tragam em seu texto uma “pré-ocupação” com os cada vez maiores problemas do "menor"). Cohen, H.R.
Qual o real estatuto da criança hoje?
Criança do Shopping Center, do playground, do condomínio fechado, da rua, do mato, da prostituição nas cidades, dos berços onde aparecem mortas nas maternidades.
De que criança falamos?
No conjunto Brasil, o que é uma criança brasileira? Que significantes identificam-nas como presas ao discurso da família ou presas da política do Estado brasileiro?
Do tempo que não tem tempo para compreender e, muito menos, para concluir. Estamos sob a égide do instante do olhar.
Como responder a esse mal-estar senão com aquilo que as crianças são mestres na arte de saber-fazer? ....
O lúdico, o infantil, a fantasia, são anteparos ao desejo do outro devorador, com sua demanda irrespondível.

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