sexta-feira, 11 de novembro de 2011

da série- Tenho um amigo que disse que eu:


Sou oito ou oitenta; quente ou frio e que comigo não há meio termo não. Eu ri aquele meu rizinho que, começa no cantinho esquerdo da boca e vai lentamente se abrindo, na realidade e mais um mover de lábios mesmo. Um riso quase imperceptível, eu diria, para raros observadores. O que não é o caso desse amigo, pois está sempre na superfície das coisas, ler nas entrelinhas nem lhe passa pela cabeça ainda que cante aos quatro cantos suas proezas meditativas. Mas amigo é amigo e a bem querência nos faz relevar esquisitices, pois temos as nossas.

Já outro amigo disse que é exatamente o contrário — sou é água morna dura de ferver. Lembrei-me do meu pai na hora com seus olhos brilhantes e sua voz rouca, naquelas tardes de outono quando sentávamos na varanda e eu em silêncio ouvia seus ensinamentos. Conhecedor do que ia dentro de mim sabia de minhas tristezas só pela maneira como eu bebia o chá ou mastigava um pedaço de bolo, ou ainda, da minha perplexidade frente a um mundo feito de aparências. E se por um lado, como pai, preocupava-se com minhas escolhas, como amigo, sabia que eu não podia fazer diferente, pois, tanto para ele quanto para mim nunca houve oito ou oitenta, certo ou errado, mas descobertas. Busca para ser como se é. Pelo caminho do meio onde os extremos passam longe e a água ferve lentamente.

2 comentários:

Toninho disse...

Esta sua série é muito boa,sempre uma reflexão de comportamento,que bem pode caber em qualquer um.Isto é arte amiga.
Meu abraço carinhoso.
Bom domingo.
Bju.

sueli aduan disse...

obrigada, Toninhobira.
Gosto muito da série tb, e "essas reflexões" me chegam do compartilhar/observar/ analisar uma coisinha aqui, outra ali, com todos e que, junto com minhas esquistices dá no que dá. :o)

bjus carinhosos
Bom domingo.