segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

De silêncios, sustos e olhares.

 
Tomou-me tempo e desânimo aquela viagem, mas era uma questão de escolha. E não tem jeito, a gente já sabe, o coração fica apertado mesmo. Além do esforço que era obrigada a fazer para que meus olhos não se fechassem, havia a questão da pouca luminosidade. Mas fazer o quê? Fui informada que seria assim. Voz doce a sussurrar em meus ouvidos: — Mire, veja... Mire... veja.

Do momento em que eu, confortavelmente, me instalasse na poltrona as mudanças ao meu redor seriam imperceptíveis. Uma longa jornada feita de silêncios, sustos e olhares. No começo, o medo me dominou. Sentia a respiração ofegante, o suor escorrendo pela testa, mas em momento algum pensei em desistir. O jeito era fechar os olhos, relaxar e assim, quem sabe, ao olhar novamente o medo tivesse se dissipado. Não importava quantas vezes isso se daria.

E tive a nítida sensação que seria a vida toda. O espelho que firmemente segurava entre minhas mãos trazia um esboço do meu rosto, um quase rosto. Através dos espelhos comecei a procurar-me. Eu por detrás de mim à tona dos espelhos. E aos poucos, uma imagem ia se formando. Já não era mais um quase, mas uma forma luminosa de um rosto que se sabe.

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