Estava eu recostada em um banco da velha pracinha, quando deparei com aquele sujeito vindo em minha direção. A princípio, como era de se esperar senti um calafrio percorrer todo o meu corpo. Numa mistura de medo e autodefesa cheguei a pensar que o sujeito sentia o mesmo, já que, a rua estava deserta e só nos dois nos encontrávamos ali. Mas à medida que ele se aproximava esse pensamento se dissipou, pois apesar de caminhar com passos firmes possuía uma leveza digna de bailarinos.
E, quem sabe, fosse mesmo. E aproveitava o vazio das ruas para passos de uma coreografia imaginária. Só isso mesmo e nada demais. Mas de repente parou bruscamente. Ajeitou o chapéu. Enfiou as mãos no bolso do paletó. E olhou-me nos olhos. Novamente os calafrios e tive a exata sensação de desmaio. Cheguei a enxergar um revólver entre seus dedos. Então ele veio calmamente em minha direção e com uma voz rouca perguntou: — o amigo tem fogo? Eu aliviado disse: — Não fumo, companheiro. Senti o peso da sua mão e o frio da lâmina adentrou no meu peito, enquanto ele sorria improvisando passos de um bolero.
3 comentários:
Numa noite escura,a rua deserta,dois corpos em movimentos,o medo impera do medo reinante.
Como um passe de magica um corpo desliza suavemente ao som de um bolero ao passo que o outro apenas se desespera.
Otimo conto amiga sobre as reações humana diante do inesperado.
Carinhoso abraço de minha admiração.
Bjo.
gratíssima,Toninhobira.
E sua criação poética, perfeita, complementam o conto de uma maneira magistral. AMEI!
E se me permite, fica uma dica: Dá continuidade, quem sabe, um conto, crônica, poesia...
carinhoso abraço de admiração
bjão
Avassalador!
Como todos os amores que nos "pegam" com a força que apenas nele reside.
Avassalador... E belo!
Bravo, poetisa amiga!
Seguindo-a... Com carinho e admiração ao seu trabalho.
Um beijo enorme.
Karla Mello
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