domingo, 14 de dezembro de 2008

É difícil escrever sobre escritores exponenciais.
Fica sempre a sensação de que faltou dizer quase tudo.
É o caso do poeta, ficcionista e bibliófilo argentino Jorge Luis Borges
(1899-1986), que é seguramente o maior nome das letras em seu país e um dos pontos altos da literatura mundial no século XX.



O fazedor
Tradução de Carlos Nejar e Alfredo Jacques

Um pintor nos prometeu um quadro.Agora, em New England, sei que morreu.
Senti, como outras vezes, a tristeza de compreender que somos como um sonho.
Pensei no homem e no quadro perdidos.

(Só os deuses podem prometer, porque são imortais.)
Pensei num lugar prefixado que a tela nãoocupará.
Pensei depois: se estivesse aí, seria com o tempo
uma coisa a mais, uma das vaidades ou hábitos da casa;
agora é ilimitada, incessante, capaz de qualquer forma e qualquer cor e a ninguém vinculada.
Existe de algum modo.
Viverá e crescerá como uma música e estará comigo até o fim.
Obrigado, Jorge Larco.
(Também os homens podem prometer, porque na promessa há algo imortal.)


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