Ordenei que tirassem meu cavalo da estrebaria. O criado não me entendeu.
Fui pessoalmente à estrebaria, selei o cavalo e montei-o. Ouvi soar à distância uma trompa, perguntei-lhe o que aquilo significava. Ele não sabia de nada e não havia escutado nada. Perto do portão ele me deteve e perguntou: – Para onde cavalga senhor? – Não sei direito – eu disse –, só sei que é para fora daqui, fora daqui. Fora daqui sem parar; só assim posso alcançar meu objetivo. – Conhece então o seu objetivo? – perguntou ele. – Sim – respondi – Eu já disse: “fora - daqui”, é esse o meu objetivo. – O senhor não leva provisões – disse ele. – Não preciso de nenhuma – disse eu. – A viagem é tão longa que tenho de morrer de fome se não receber nada no caminho. Nenhuma provisão pode me salvar. Por sorte esta viagem é realmente imensa.
Tradução de Modesto Carone
Miniconto de Kafka -
CARVALHO, Olavo. O antileviatã - O náufrago e a bóia. In Revista Bravo, 2001.
Título: Quero saber mais...-Sueli Aduan
4 comentários:
Fantástico!
Vero, Dana!
Um belo mini.
Quem vai partir e para onde vai não necessita de provisões apenas a a fé que esta na hora de ir.
Valeu o link Sueli.
Mãos à obra.
Abraços amiga.
Bjo.
É sim muito belo, Toninhobira.
"Quem vai partir e para onde vai não necessita de provisões apenas a a fé que esta na hora de ir" Lindooooooooooooo!
abraços.
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