A relação do homem com o mundo é sempre mediada por suas ferramentas. Ele constrói, apreende e interpreta a realidade a partir dos instrumentos que lhe são fornecidos pela cultura. Tecelão quase compulsivo de si próprio, borda sem cessar teias de significados para dar sentido ao mundo. (GEERTZ, 1989)
Essas teias, onde se misturam pontos abertos e fechados, novos e antigos, e linhas de todas as cores, é a cultura. É a partir desse véu da cultura, dessas lentes, que vemos então as coisas, os outros, e a nós mesmos. Cada cultura, entretanto, teria seu par de lentes próprio, ou, no máximo, certo número de lentes utilizáveis, certo leque de possibilidades de formas de ver o mundo. As lentes de uma sociedade nunca são as mesmas de outra. (BENEDICT, 1997)
Ainda que tenham semelhanças, são encontradas certas nuanças e particularidades. O que pode ser considerado ponto comum entre todos os homens é a armação, a existência dos óculos em si. As lentes, sempre diferentes, vão variar em espessura, cor e formato.
Uma vez vendo os outros por detrás dessas lentes, e a partir de uma visão de mundo, há uma tendência em considerar nossa forma de ver e fazer as coisas como a mais correta, ou mesmo a única correta. Tal postura etnocêntrica consiste em tomar o que é nosso como o verdadeiro, e o que é do outro (e o que é o outro) como digno de reprovação, dando assim aos nossos valores um suposto caráter de universalidade.
Uma vez estando ao nosso lado todas as verdades e a certezas, estaríamos autorizados a interferir, em nome de nossa bondade e piedade, no que é do outro. (TODOROV, 1993)
A Arte de Sensibilizar o Olhar ou Por que ensinar Antropologia?
D. Krischke Leitão.
3 comentários:
Certa vez escrevi sobre isso rs...
Em Homenagem a mim Su? E minha guerra com óculos e lentes kkk meu foco distorcido rs... bacana.. gostei do texto.
hehehe,Kátia.
Eu gosto muito desse artigo.Veja na íntegra.(título e "autor" no rodapé)
beijo
Bacana gostei do texto..
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