Eugène Delacroix
O momento, esse em que vivo é feito de outros momentos. Está na minha pele e em todos os poros, no fio do meu cabelo, no jeito do meu olhar, no barulho do meu movimento e no silêncio do meu repouso. O sorriso é feito de outros sorrisos, o choro de outros choros, o silêncio de outros silêncios. Tudo em mim já foi um dia do outro.
Somente a palavra é minha, ainda que venha de tantos outros, de tantos caminhos. Escolhi seu nascimento. E foi da boca dos rios, do grito dos bichos, do cheiro do mato, do sol, do vento, da chuva , da tempestade. Por isso, minha palavra pode ser movimento, força, cheiro. Pode ser quente ou fria. Não importa. O que importa é o momento, esse em que vivo e no qual uso de todas as palavras que escolho. Pois como disse o poeta:
“O homem está na cidade
como uma coisa está em outra
e a cidade está no homem
que está em outra cidade
mas variados são os modos
como uma coisa
está em outra coisa..."
F.Gullar
E, variadas são as palavras, mas o que seria do homem se não houvesse a liberdade para usá-las.
2 comentários:
Beleza de contexto que exala pelos poros no dom da voz acoplado ao dominio da palavras.Bela relação Sueli e com bela ilustração do Ferreira.Obra de arte neste momento unico que inspira nesta continua mutação de estar sempre na recriação.
Profunda reflexão.
Um abraço terno de admiração pela sua arte.
Bjus.
Obrigada, Toninhobira.
Amei o comentário. Tão bom saber dessa tua admiração pelo meu trabalho.
É recíproco esse admirar.
abração.
Postar um comentário