... “O braço de Soropita esbarrava num dos alforjes; estava bem abotoado, afivelado em seguro. Ali dentro, trazia para a mulher o presente que a ele mais prazia: um sabonete cheiroso, sabonete fino, cor-de-rosa. Do cheiro, mesmo, de Doralda, ele gostava por demais, um cheiro que ao breve lembrava sassafrás, a rosa mogorim e palha de milho; e que se pegava, só assim, no lençol, no vestido, nos travesseiros. Seu pescoço cheirava a menino novo. Ela punha casca-boa e manjericão-miúdo na roupa lavada, para exalar, e gastava vidro de perfume. Soropita achava que tanto perfume não devia de se pôr, desfazia o próprio da frescura. Mas ele gostava de se lembrar, devagarinho, que estava trazendo o sabonete. Doralda, ainda mal enxugada do banho, deitada no meio da cama. Doralda nunca o contrariava, queria que ele gostasse mesmo de seu cheiro: Sou uma mulher, Bem, sua mulherzinha... A cada palavra dela, seu coração se saía.”
"Noites do Sertão" Guimarães Rosa-
título no blog sueliaduan
6 comentários:
A-DO-RO...
Tive um professor que dizia:
- "Em se tratando de G.Rosa,a gente ama ou odeia, não há meio termo.
E, foi com esse ,maravilhoso, professor que apredi que as dez primeiras páginas de "Grande sertão: Veredas" devem ser lidas em voz alta.
Isso não é bárbaro.:o)
Lindo!
Eu tbem tive um professor que dizia que Guimarães a principio nao se lê para entender;;;se lê para buscar o prazer de sua lingugem propria, seus neologismos, sua bela poética...depois de degustado isso...aí deve-se retomar a leitura e entender a riqueza de assuntos que ele discutiu em suas obras
acho que é isso mesmo
Somos privilegiadas, Marinês.
Descobrir G.Rosa dessa maneira é o que há de melhor.
bjus
querida, cada coisa linda por aqui... amei.
Obrigada, querida.
Acho tb que vai gostar da última postagem entre:-
http://oficiodescrever.blogspot.com
bjão
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