"Je est un autre", escreveu Rimbaud em carta a Georges Izambart (I871), mais tarde conhecida como a carta do vidente. Definindo o Eu como outro, o poeta colocava no Eu a origem da alteridade. Também poderia ter dito: no Eu se esconde o outro ou o outro se desdobra do Eu. Não se trata de fantasia de poeta, mas de uma visão poética sobre quem eu sou. Eu não sou uma identidade sem fissuras, porque a consciência que tenho de mim mesmo está sempre à beira de um desdobramento e, por vezes, de borbulhante multiplicação. Houve um poeta moderno, Fernando Pessoa, que se viu ou ouviu como uma multidão de vozes ou como um polipeiro de consciências. Um eu é pouco. É preciso sentir como várias pessoas.
Desse ponto de vista, a identidade pessoal seria um fingimento de ser, a menos que, seguindo Heidegger em Ser e tempo, pudéssemos concebê-la como detenção do fluxo temporal, o que implica admitir uma relação estrita da alteridade com a temporalidade. "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", reza um verso de Camões. No foco do tempo presente articula-se o instante cartesiano do pensamento.
Penso, logo existo enquanto penso; existindo enquanto penso, ganho a condição de sujeito pensante, que também pode chamar-se de espírito ou razão.
A questão do outro em Heidegger
Benedito Nunes
título no blog e pesqquisa
sueliaduan
Escrever e ser
O escritor torna dizivel o que não se sabia dizer
Olavo de Carvalho
Escrever e ser
O escritor torna dizivel o que não se sabia dizer
Olavo de Carvalho
2 comentários:
O outro, o tempo, o tempo do outro... o tempo é pai e é vilão... rs...
E... o outro ... Tu es mon Autre
Lindo,não é? Essa coisa do "eu do outro! Espelho!!!
Belíssima musica!!!
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