Deixou claro, feito à lua que iluminava aquelas viagens sem fim, que só é gente àquele que não careça de nada, que a tudo agradece ao nosso senhor Jesus Cristo e na dor enxergue a bondade divina. Sua voz doce ainda é um canto de ninar aos ouvidos da mulher em que hoje me transformei. E trago comigo, como num cofre, cada uma daquelas paradas em que mãe e eu ficávamos a olhar a terra seca, o gado magro, o povo sofrido. Mas eu não queria aquela vida para mim, vida do sertão, doída como gado queimado a ferro, triste como menino sem escola. E diferentemente de mãe eu não acreditava no destino traçado, na sina a cumprir, na cruz a carregar. Sempre acreditei que a escolha se dá à cada passo, à cada manhã, à cada respirar, mas maínha, como eu costumava chamá-la, tinha outra crença. Dessas que fortalece o sujeito que segue sem nada questionar. E assim na primeira oportunidade vim embora. Hoje passado tantos anos a morte de maínha é só um quadro na minha memória, e eu sigo sem questionar.
2 comentários:
Lindo.
Não preciso nem dizer que adoro esse lance regionalista...
Obrigadaaaaaaaaaa, Katia.
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