Deveria ser mais organizada, que ele já se cansou de atender meus telefonemas e é sempre a mesma ladainha:
_ desculpe-me querido, tinha certeza que era o do teatro. É, mas o que ele não sabe, nem imagina, é que eu fico bastante chateada com as respostas que me dá:
_ por que você não deixa uma agendinha ao lado do telefone? Assim não vai errar mais. Como se eu não tivesse uma agendinha E qual o problema em errar? Também já decidi, quando acontecer novamente, e sei que vai acontecer, vou é mudar minha voz.
Já que estudo pra ser ator mesmo, não custa treinar. Vai ser divertido e ele não vai nem perceber, tenho certeza. Pois quando decido fazer uma coisa, coloco minha alma.
Tenho um amigo que disse que eu não devia ficar brincando com essas coisas. Fingir ser uma coisa que não sou, tentei explicar a ele que não se trata de fingir, que teatro não é isso não, mas ele é cabeça-dura e ainda argumentou:
_Que serventia tem tudo isso? Olha, fiquei mais chateada com ele do que com o outro, por que errar acho que todo mundo erra mesmo, mas querer que tudo tenha uma serventia nesse mundão, ah! Aí é que não. Na hora em que ele me falou isso fiz umas caretas, botei a língua pra fora, estiquei os cabelos, pulei numa perna só, que era pra ver se ele ria. Dito e feito, eu sou mesmo engraçada. Ele riu, riu, que até perdeu o fôlego.
A desforra chegou à horinha e perguntei:
_Que serventia tem esse seu riso todo? Nunca mais vi esse amigo. Foi até bom, não era mesmo meu amigo. Amigo que é amigo acredita no trabalho da gente.
Tenho um amigo que disse que essa coisa de trabalho é complicada. Não entendi onde está a complicação, e como sou muito perguntadeira, fui logo dizendo:
_Como assim complicado?
_Pois é! A gente não vê a hora que o dia termine, e ainda completou: trabalhar é muito chato. Chato é esse meu amigo.
Já um outro amigo, desses que nem vê a hora passar, que quando o dia termina adentra a noite a trabalhar, disse que eu não sou só perguntadeira, não. Sou também trabalhadeira que errando aqui, acertando ali, descobri o prazer que dá o muito fazer.
10 comentários:
Só uma coisa a dizer dona Su...
E que graça teria se fosse diferente?
kk
Bjs
pois é! concordo em número e grau, rs.
bjs
Su, delícia, voltei e voltei em dia da série predileta. Você deve ser mesmo muito engraçada, passa um alto astral sempre. Também adoro coisas "inúteis" que de pragmatismo o mundo anda cheio e muito chato por sinal. O amigo da cadernetinha kikiki, aposto que vai mesmo cair direitinho no golpe da troca de voz. Depois você conta.Adoro seus amigos kikiki e eles devem te adorar;imaginários ou não kikikibeijos meus
Ó Verôca que ótima notíca!!! Fico muito, muito feliz! Bom vc por aqui, aí e lá no Linguagem rs.
bjão
esses meus amigos!nem nem te conto kkk
Gosto de trabalhar.
Cadinho RoCo
Ótimo! É muito bom mesmo!
abs
Sueli,
ótimo texto,sempre tem um amigo pra falar da gente, para o bem ou para o mal...
Obrigada.
É verdade Adriana, sem os amigos o que seria de nós,não é?
Su,
A vida é...
O Melhor da vida é, pelo menos na minha opnião, este entremeio epifanico.
Telefonemas surpresas pra ambos os lados.
O cheiro da terra antes da chuva cair, invadindo a sala da G.O. segundos antes da oficina de literatura.
A riso que vem do nada entre as garfadas na comida reesquentada.
A lágrima que escorre sem motivo num dia quente, na sala de espera do dentista.
O Post de um blog amigo, que enaltece a beleza, a caótica fotografia impressa no negativo das palavras.
Forte Abraço.
Aiaiai, o que falar após um comentário desses, belíssimas palavras,um verdadeiro poema...o cheiro da terra c/ a literatura;risos/lágrimas/o comer e como comer....vida!
Ò,amigo poeta, que falta vc me faz.
Em tempo: participa do "Linguagemnocorpo.!
forte abraço
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