A casa abandonada, os crisântemos plantados, os retratos na parede, o relógio marcando o tempo. Tempo em que a vida era plantar e colher. Pegar a jabuticaba no pé, sentir seu sumo escorrendo pela boca à fora, correr entre os campos floridos e deitar na relva um corpo cansado, porém leve com a pluma. Olhar longe o verde da campina tendo um céu límpido como manto. Assim eram os dias, assim era a vida.
É essa imagem que trago dentro do peito, feito ferro em brasa quente a marcar o boi no pasto. E ela queima, dilacera deixa esse gosto amargo de dias parados, noites sem fim.
Onde colher, agora, o crisântemo da minha infância? Como arrancar da terra com mãos envelhecidas a flor do passado? Enfeitar o vaso da sala, e sentir o aroma da jabuticaba como se no quintal elas estivessem. Rever tua figura entrando pela porta tirando o chapéu, beijando meus cabelos negros e a noite ouvi-lo contar as histórias de seu tempo de menino. O que ficou de tudo, meu pai? Das conversas ao entardecer. Dos planos e dos sonhos. Da tosse da tia Maria no quarto ao lado, tudo tão real. E comíamos fruta madura, e raspávamos o prato de sopa. E a sopa era boa.
O que ficou?
Um nome, uma terra. Verdes campos.
2 comentários:
O passado, pode parecer paradoxo mas o passado é tão presente ... bjsss........
Na memória está sempre vivo, não é?
bjus
Postar um comentário