sábado, 15 de maio de 2010

da série: Tenho um amigo que disse que eu:

Deveria pensar mais a respeito do assunto, já que também sou mãe. E que é no parque de diversões que podemos saber quem realmente tem esse dom. O dom de ser mãe. Na hora não quis contrariá-lo, ele estava tão empolgado em sua fala que deixei passar. Não deveria. Acabou indo embora todo sorridente, com aquele sorriso, fruto de quem pensa que sabe e não sabe. Não que eu saiba tudo,ao contrário, mas, pelo menos não fico rindo à toa.
Já um outro amigo falou que não é nada disso, que para nos conhecermos, ou conhecermos o outro é preciso silêncio e observação. Coisas impossíveis nos parques de hoje, com esses brinquedos velozes e barulhentos. Concordei, em parte, mesmo porque, acho tão pouco só silêncio e observação em se tratando de nos conhecermos. Imagine então conhecer o outro. É preciso mais, disse um outro amigo, e nesse momento fechei meus olhos, voltei a minha infância ao lado de minha mãe no parque de diversão. Senti o perfume que exalava de seus belos cabelos negros e a força do olhar que sempre teve sobre mim.
Naquela época era sim possível saber quem e como eram as mães só pelo jeito como brincavam no silêncio reinante da balança, com seus movimentos de ir e vir da barca puxada por cordas, do chapéu mexicano com suas voltas vertiginosas. Algumas empurram os filhos como que se através da balança eles realmente pudessem ir embora pra sempre ou a barca afundasse imaginariamente num mar de águas profundas.
Eu felizmente sorria ao ver a alegria de minha mãe correndo comigo para aproveitarmos todos os brinquedos, mesmo sem saber o que era dom, aquela mulher vivia sua maternidade com todas as forças, talvez porque vivesse todas as outras coisas da vida com a mesma intensidade. Não era só minha mãe no parque. Ali estava uma pessoa inteira.
Já um outro amigo, amigo de cabeceira, conhecedor dos mistérios que nos envolve, diz:─
“Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui.Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes”.
Mãe, pai, filho, avô, tio... O que importa? Só precisamos mesmo, como canta o poeta, sermos inteiros.

4 comentários:

Katia em anexo disse...

Oi Su... leu meus pensamentos... Não sobre o fato do dom de ser mãe, mas o fato de sermos inteiros. Estava pensando sobre isso hoje. Vivo tudo tão intensamente, vivo tudo tão as ultimas consequencias...

Como diz Djavan...Se tivesse mais alma para dar eu daria, isso para mim é viver.

bjs

sueli aduan disse...

Ler pensamentos,HUM!!!Deus me livre:o)O que rolou foi muito doido:- o mote pra esse texto me veio por uma amiga ontem (via telefone) que comentou sobre um fato real parques/pais/negligências
/dom e por aí.

Viver intensamente é maravilhoso mesmo,a maioria vive sem questionar nada. Vive a mesmice de tudo!!
bjus

MARCOS QUINAN disse...

Lindo...

Te abraço

sueli aduan disse...

Obrigadíssima, Marcos, como ja te disse, ler teus comentários é delicioso, agradeço.
te abraço